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Paredes Podcast Piloto (transcrição)

  • 1 de mai. de 2021
  • 8 min de leitura

Atualizado: 14 de mai. de 2021

Olá, tudo bem? Sejam muito bem-vindos ao As paredes têm ouvidos. Meu nome é Ana Rita, mas pode me chamar de Ana e este é o meu podcast, um espaço onde nós sabemos que sempre teremos com quem conversar.

Começamos nosso primeiro episódio do “As paredes têm ouvidos” e eu estou muito animada! Meu nome é Ana Rita e eu sou a mãe desse podcast. Eu sou de São Paulo, no Brasil e moro em numa cidade pertinho de São Paulo. Eu estudei na Universidade de São Paulo e tive a chance de conhecer muitas pessoas que, como eu, amam aprender novas línguas lá. No meio dessas pessoas tinha estrangeiros que estudavam português. Tem muitos alunos de outros países da América Latina em São Paulo e apesar de português e espanhol, ou castelhano, serem muito parecidos não são a mesma coisa. Vendo essas pessoas eu pensava “nossa, que coragem”. Recentemente eu voltei a pensar nesses estudantes, nessas pessoas que estudam português porque, eu estava estudando japonês, ouvindo um podcast pra estudantes e eu achei a ideia tão legal que eu achei que seria interessante fazer uma coisa parecida, algo semelhante, algo parecido pra essas pessoas corajosas que aprendem português.

Foi assim que eu comecei a planejar meu pequeno podcast. Eu pensei “hum, eu posso fazer isso! Eu posso ter um podcast pra ajudar as pessoas corajosas que estudam português! Eu posso fazer alguma diferença”. E a partir disso eu comecei a planejar os detalhes.

Primeiro detalhe que eu pensei e comecei a planejar foi o estilo do meu podcast. Que estilo que eu queria pra esse podcast. Eu queria que fosse algo diferente porque, geralmente, podcasts de idioma, de, de língua né? São parecidos com aulas, sempre parece uma aula de idioma, uma aula de língua. Se explica uma coisa e fica nisso, não passa disso, é sempre assim. Por isso eu decidi fazer um podcast pra falar. Eu vou falar muito sobre vários temas, quase sempre esses temas vão ser sobre o Brasil mas, pode ser que eu fale de outros temas. E às vezes eu vou trazer convidados pra discutir e pra ajudar vocês a se acostumarem com sotaques diferentes, different accents. E isso significa que nem sempre só as paredes estarão me ouvindo.

E esta foi minha segunda decisão que eu tive que tomar, foi o segundo detalhe que eu tive que pensar, o nome do podcast. O nome do podcast é “As paredes têm ouvidos” e essa frase é uma expressão brasileira que significa “alguém pode te ouvir do outro lado da parede”. Como um podcast ele é escutado, as pessoas escutam um podcast, eu pensei em usar uma expressão bem brasileira e que tivesse a ver com o verbo escutar, ouvir. Então, “as paredes têm ouvidos” é pra dizer que alguém está me escutando do outro lado.

E bom, essa expressão de “as paredes têm ouvidos” e tal, falar com... Num quarto e outra pessoa te ouvir do outro, ela nos leva pra a minha terceira decisão, pro terceiro detalhe que eu pensei em discutir aqui, que eu pensei pra formular esse podcast, pra fazer esse podcast, que é o tema do primeiro episódio, o tema do nosso episódio piloto. E o tema é “expressões brasileiras”. Eu decidi fazer “expressões brasileiras” porque, o nome é uma expressão brasileira muito comum, as pessoas usam bastante “as paredes têm ouvidos” pra dizer que você deve tomar cuidado quando contar um segredo. Então eu pensei em falar sobre algumas das expressões brasileiras bastante comuns. E hoje eu vou falar pra vocês sobre expressões velhas, elas são velhas, elas existem há muito, muito tempo mas, todo mundo conhece. Mesmo os jovens que costumam falar de um jeito diferente, todo mundo conhece essas expressões.

Vamos lá?


EXPRESSÃO NÚMERO UM: Fazer uma vaquinha.

Essa expressão é um pouco estranha porque, se a gente pensa no significado dela ao pé da letra, ou seja, (“ao pé da letra” é outra expressão) no significado literal dessa expressão, “fazer uma vaquinha” significa “fazer um filhote de vaca” e isso não é muito normal. Mas, a intenção dessa expressão, né, o significado dela é “dividir a conta”, “dividir um valor”. Ela é usada quando, por exemplo, nós vamos num bar, num restaurante, aí todo mundo come, todo mundo bebe e no fim cada amigo, cada pessoa que foi junto né, ali naquele grupo, dá um valor, um dinheiro pra pagar a conta, então, todo mundo divide a conta, a gente “faz uma vaquinha” pra pagar a conta do bar. Nós dividimos o valor, nós fazemos uma vaquinha, pra pagar a conta.

EXPRESSÃO NÚMERO DOIS: Falando com as paredes.

Falar com as paredes quer dizer falar sozinho. Quando eu estou sozinha no quarto, falando em voz alta, não tem ninguém além das paredes me ouvindo. Etnão, eu estou falando com as paredes. Quando eu comecei a planejar o podcast eu quis usar essa expressão, falando com as paredes, como nome porém, eu descobri que já existe um “Falando com as paredes” então resolvi mudar para minha primeira ideia, As paredes têm ouvidos. E é engraçado que essas expressões, elas não têm uma relação uma com a outra apesar das duas falarem de paredes, porque, como eu já expliquei agora há pouco, falar com as paredes significa falar sozinho, enquanto dizer que as paredes têm ouvidos quer dizer que pode ter alguém te ouvindo do outro lado da parede. É interessante pensar nessas duas expressões juntas.

EXPRESSÃO NÚMERO TRÊS: Custar os olhos da cara.

Hum... Essa expressão significa que alguma coisa, um produto, alguma coisa que você vai comprar, é muito cara. Então, um iPhone por exemplo, um iPhone é um celular caro comparado com outros celulares, então, ele custa os olhos da cara. Eu acho que é uma expressão bem parecida, equivalente à expressão “cost an arm and a leg” do inglês, quando alguma coisa é muito cara e você tem que pagar com um braço e uma perna, “cost na arm and a leg”, “custou um braço e uma perna. No português nós dizemos que custou os olhos da cara, nós tivemos que pagar com os olhos. Não necessariamente, é só pra dizer que foi muito caro. Outro jeito de dizer que “custou os olhos da cara” pode ser “foi o olho da cara”. “Custou o olho da cara” ou “foi o olho da cara”, é o mesmo significado. O verbo muda mas o significado é o mesmo. Ó eu, falei que o podcast não seria um aula, estou dando aula. Enfim, normal, mas é isso. Eh custar o olho da cara, ser o olho da cara, significa a mesma coisa, que é algo muito, muito caro.

EXPRESSÃO NÚMERO QUATRO: Rodar a baiana.

Eu amo essa expressão” Em um episódio mais adiante, né, em um outro episódio mais pra frente eu vou falar mais sobre as baianas, elas são bem importantes na cultura brasileira, principalmente lá na Bahia, que é de onde elas vêm, né? Baiana, Bahia. Eh mas isso fica pra depois, hoje eu só vou falar do significado da expressão “rodar a baiana”. Essa expressão quer dizer “ficar muito bravo com alguém ou alguma coisa”. Mais comum “ficar muito bravo com alguém”. Eh, uma situação onde a gente usaria “rodar a baiana” é quando você vai a uma loja e as pessoas da loja te tratam muito mal e aí depois você vai contar que foi tratado mal nessa loja pra um amigo e aí, a gente costuma falar isso né, quando vai contar a história pra um amigo fala “nossa, aquela loja me tratou tão mal. Eu quase rodei a baiana lá dentro. Eu quase fiquei muito brava e fiz um escândalo lá dentro, eu quase rodei a baiana”. Rodar a baiana é ficar muito bravo e fazer um escândalo. Fazer essa situação ficar assim muito, muito maior do que ela deveria. Eu acho que, eu tô usando muito exemplo do inglês mas eu acho que ajuda, eh, rodar a baiana seria algo parecido com “make a scene/making a scene”, quando você faz um escândalo né, você fica bravo e começa a gritar e é uma situação bem desconfortável, rodar a baiana. Então, eh fica o conselho aí, fica uma dica pra vocês, quando estiverem muito bravos com alguém ou com alguma coisa digam “eu vou rodar a baiana aqui!”. Ninguém vai entender nada mas é libertador, assim, você se sente muito bem de falar que vai rodar a baiana.

EXPRESSÃO NÚMERO CINCO: Segurar vela.

Essa é até fácil de entender. Eu acho ela bem fácil de entender. Nós dizemos que estamos segurando vela quando saímos com um casal de amigos, dois amigos nossos que namoram, eles namoram ou são casados. E esse casal de amigos gosta de ser românticos um com o outro. Sabe aquele casal que fica “ai meu amorzinho”, “oh, baby”, blá blá blá? Aquela coisa bem romântica que quando você não...Não tem uma pessoa pra ser o seu casal ali, fica bem desconfortável? É uma situação bem desconfortável. Em inglês a gente diria “third wheeling” né? Você segura vela, você é um castiçal. É um, castiçal é um suporte onde a gente põe a vela. Eh, no site do podcast, com a transcrição desse áudio, eu vou deixar uma foto do castiçal pra ter certeza que vocês vão entender o que é isso. Mas é isso, você, em um jantar romântico sempre tem velas, né? Um jantar à luz de velas. Um jantar com, com velas assim, iluminado por velas. Chique, muito chique, muito romântico. Então, quando você sai com um casal de amigos que gosta de ser romântico, mesmo tendo uma pessoa, que não é parte do casal, junto você se sente um castiçal. Você segura vela. Você é o castiçal do jantar romântico, você é o porta velas, você está segurando vela. É triste mas, isso acontece com todo mundo. Todos nós já seguramos vela um dia na vida, tenho certeza.

EXPRESSÃO NÚMERO SEIS, a última expressão do dia: Puxa-saco

Uma pessoa puxa-saco é uma pessoa que faz de tudo para agradar alguém mas, por interesse. Por exemplo, você precisa de dez numa prova (a nota máxima daquela prova é um dez) você precisa de dez naquela prova mas, você tirou 9,5. Sua nota foi 9,5. Aí você vai até o seu professor e começa a agradar ele, ou ela, pra conseguir esse meio ponto que falta, esse zero vírgula cinco que falta pra completar um dez. Você tem nove e meio né? Nove vírgula cinco, precisa de um 0,5 pra formar 10. Ou seja, meio ponto pra formar 10 e aí você vai até o professor e começa “ai, professor, eu gosto tanto de você. Nossa, nós tivemos tanto momento bons nas aulas... Quer uma maçã? Quer uma massagem nos pés? Você gostaria que eu fizesse alguma coisa por você?”. Você... Né? Esse tipo você tá agradando o seu professor por interesse, porque, você quer uma coisa do professor, ou seja, meio ponto na prova. E é isso que é ser puxa-saco, é você agradar a pessoa porque, você quer que ela faça alguma coisa por você. A minha mãe, ela costuma brincar me chamando de puxa-saco da minha tia. Ela fala que eu que sou puxa-saco da minha tia porque, eu faço as coisas que minha tia gosta, que agradam ela. Então ela diz em tom de brincadeira, ela não fala sério, é só uma brincadeira que eu... Ela diz que eu sou puxa-saco da minha tia, que eu agrado ela por interesse. Mas, fazer o quê né? Nada demais.

Eu podia falar horas e horas e mais horas sobre essas expressões. Eu podia ficar aqui por umas cinco horas falando sobre essas expressões. Tem muitas mais. Nós temos um monte de expressões em português mas, eu vou parar por aqui. Vou guardar algumas pros próximos episódios. Eu espero que vocês tenham gostado do nosso primeiro episódio, eu fiz com muito amor e carinho. E se tiverem alguma sugestão entrem no nosso fórum. Eu espero que vocês tenham aprendido alguma coisa com essas expressões e que vocês usem elas porque, elas são muito divertidas. Expressões brasileiras. Mas, nos próximos episódios nós vamos ter mais, prometo.

Então é isso, pessoal. Esse foi o nosso episódio de hoje de As paredes têm ouvidos. Visitem o site do podcast pra acessar as transcrições, os scripts, dos episódios, não se esqueçam de se cadastrar lá também, pra ter acesso aos fóruns de discussão. Sigam também o Twitter e o Instagram, @ParedesPodcast.

Tenham uma ótima semana, um grande beijo e tchau-tchau!

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